O teatro e a escola

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Por Carlos Augusto Nazareth

A arte é libertária e o teatro é sem dúvida, das Artes, expressão libertária por excelência. A possibilidade de “re-viver” sentimentos e situações sem barreiras de tempo e espaço, de presenciar fatos de verdade ocorridos ou apenas existentes no imaginário do autor, possibilita resgate do indivíduo e da sociedade. José Carlos Moreno, criador do Psicodrama, entendeu esta possibilidade ampla da arte do teatro criando o psicodrama.
O Processo de abordagem do texto teatral pode ser libertário, se atentarmos para todo o ideário ali contido, compreendendo os agentes dos fatos e os fatos propriamente ditos, em sua essência.
Utilizarmos os jogos teatrais como libertação da expressão do indivíduo; a exposição do que tenha de mais recôndito, levando a um auto-conhecimento e auto-expressão indispensáveis para a sua realização como pessoa.

O teatro e a Arte na educação
O teatro e o texto teatral podem ser tomados como instrumento de desenvolvimento integral da criança. E, por esta ótica, o Processo é mais importante que o resultado – que, preferencialmente, não deveria, na verdade, existir, pois, por mais que não se queira, o professor, a criança, os pais e a escola ficam atentos ao produto final, e isto, invariavelmente, prejudica o processo. Nesta ótica o jogo teatral, as dramatizações, as improvisações devem ser o foco.
As técnicas teatrais como recurso auxiliar
O teatro e as técnicas teatrais também podem ser tomados como um instrumento auxiliar do professor de qualquer área. A dramatização de um acontecimento histórico pode permitir uma melhor compreensão de um fato, mas somente se esta reprodução não for formal e como diz Aristóteles, no seu claro conceito de mimésis, o teatro não reproduz a ação do homem, mas o sentimento do homem. E neste caso também não é o resultado final o nosso foco, mas sim todo o em torno da situação reproduzida, não só no campo do conhecimento e da razão, mas no campo motivações emocionais que envolvem o fato. Sentimentos e paixões que despertaram e motivaram o acontecimento, dentro de uma perspectiva histórica.

O teatro como atividade complementar
O teatro pode ser, além de tudo, uma atividade complementar e existir dentro da escola como um elemento opcional, formando-se grupos para Oficinas Teatrais, Grupos Amadores de Teatro, onde o conhecimento e a técnica do fazer teatro aí já se torna o foco de atenção e o produto final tem maior relevo.

A criança no teatro
A Escola deve, como os pais, ser um elemento incentivador da ida da criança ao teatro. E como na leitura, nada melhor que pais leitores para se formar novos leitores, através do hábito – cotidiano – de ler; o mesmo se aplica ao teatro – nada melhor do que pais espectadores para se formar novos espectadores

O Texto Teatral
O texto teatral é o único elemento permanente desta Arte.
Os espetáculos têm a permanência de seu tempo de duração – fica o texto que se torna vivo a cada atualização. O teatro é a única forma de expressão que permite a alguém presenciar um fato acontecido em qualquer tempo e em qualquer lugar, ali se “revive” o sentimento do acontecido, os personagens têm sua personalidade re-construída através do entendimento do próprio texto. A função do texto deve ser compreendida e vivenciada, sua premissa percebida e trabalhada como uma forma de leitura do mundo e visto, sobretudo, sob a perspectiva da obra de Arte que tem, além do caráter lúdico como forma de lazer, a função de incomodar, fazer repensar, revolucionar, mudar, modificar. E toda esta ação humana não exclui o prazer promovido pelo espetáculo teatral, prazer este que não pode ser esquecido em qualquer expressão artística – o prazer de quem faz e de quem recebe – o prazer da fruição.

O trabalho com o texto teatral na escola
O texto teatral nos traz uma história que deve ser bem compreendida: sua premissa, sua estrutura, sua seqüência, seus personagens. Ao final da leitura deve ser claro, para o leitor, a trama, os protagonistas, antagonistas, os momentos de “virada” da história, e, mais que tudo, conseguir sentir e vivenciar o sentimento predominante em cada cena, o “estado” do personagem e entender a função de cada cena e de cada personagem dentro da história.
Este entendimento será mais visceral se for ponto de partida para jogos dramáticos, que permitirão a elaboração do impacto emotivo provocado pela obra, gerando uma melhor compreensão da obra, do mundo, dos seus sentimentos em sua relação com o mundo e com si mesmo.
Entendimento e vivência orgânica do texto teatral que, a cada apresentação, revive o momento único de um fato acontecido, ou imaginado e que ganha a possibilidade de reprodução infinita do fato e do sentimento do fato, através da magia do teatro.
O texto teatral aciona mecanismos simbólicos polissêmicos, permitindo que se formem tantos espetáculos quanto forem os números de leitores. E a forma direta de estímulo da criatividade, feita pela narrativa dramática, sem a intermediação de um narrador, provoca, de forma única, o imaginário do leitor.

http://vertenteculturalteatroinfantil.blogspot.com

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